...surgiu, como se desintoxicar do homem errado, mas com o tempo mudou para "Como se desintoxicar da pessoa errada". Existem mulheres e homens intoxicados.Tanto as mulheres quanto os homens tem sua parcela de culpa por se intoxicarem pelas pessoas erradas, afinal, todos temos o livre arbítrio, temos como escolher, cada um tem a sua responsabilidade! Esse blog surgiu para trocar experiências, dar um ponto de vista diferente para que seja feita a auto-análise para mudar algo....descubra o que será mudado em você. Seja feliz. Sua felicidade depende somente de você!!! Não coloque a responsabilidade de sua felicidade em alguém que não possa te fazer feliz.
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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Corações descontrolados


Autora do best-seller “Mentes Perigosas” (Fontanar), que aborda a incapacidade de amar dos frios psicopatas, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva se debruça sobre um tipo totalmente oposto em seu novo livro: alguém que canaliza toda atenção para a vida afetiva e que tem uma necessidade incontrolável de amar e ser amado o tempo todo. A obra “Corações Descontrolados” , da mesma editora, disseca o comportamento dos borders, chamados assim por sofrerem do Transtorno de Personalidade Borderline (TBP).
Um telefonema na véspera do Natal de 2009 motivou a autora a escrever o livro. A ligação interrompeu uma caminhada da psiquiatra na orla do Rio de Janeiro e era da amiga Victoria, que tinha acabado de ser presa por invadir o apartamento do ex-namorado, em uma tentativa desesperada de provar que era a mulher da vida dele. “No caminho até delegacia, fui me lembrando com toda a vida da Victoria era marcada por relações que terminavam daquele jeito. Repetindo o ciclo de se apaixonar pelo ‘grande amor da vida dela’, ser trocada por outra mulher e acabar aprontando alguma. Foi assim desde o primeiro namorado”, relata Ana.
De acordo com a psiquiatra, pessoas como Victoria (nome fictício) vivem sempre à beira de uma ‘hemorragia emocional’, que pode acabar ‘sangrando’ se elas se sentirem rejeitadas pelo (a) parceiro (a). Na entrevista a seguir, Ana descreve a tormenta de ser border e a maneira de tratar esse transtorno.
iG: Transtorno de Personalidade Borderline é uma doença? Como se caracteriza o comportamento de uma pessoa com essa desordem?
Ana Beatriz Barbosa Silva:  É mais do que uma doença, é um jeito disfuncional de ser. Uma maneira de lidar com a vida que traz um prejuízo significativo para uma pessoa. São quatro características básicas: a primeira é uma dificuldade significativa nos relacionamentos afetivos e interpessoais mais íntimos. A segunda é uma autoestima ruim, com esses indivíduos se vendo muito aquém do que realmente são, em uma visão distorcida da realidade. Há ainda a característica da impulsividade, que pode se manifestar com uma agressividade aos outros ou a eles mesmos. Por fim, há uma instabilidade emocional, com mudanças de humor várias vezes ao dia, em função dos acontecimentos, especialmente àqueles relacionados à esfera dos relacionamentos.


Bia Alves / Fotoarena
Ana Beatriz Barbosa Silva: "A vida afetiva domina a rotina de um border e nada mais importa"

iG: O que desencadeia essa instabilidade emocional e a constante mudança de humor?
Ana Beatriz Barbosa Silva:  Pode ser uma coisa simples. Por exemplo, se a pessoa border liga para o namorado no trabalho e ele fala apressado: “eu não posso falar com você agora porque eu estou muito ocupado”, aquilo já acaba com o dia dela.
Ela vê aquilo como algo pessoal, com uma rejeição. É diferente de alguém que tem, por exemplo, transtorno bipolar e alterna dois comportamentos opostos e bem marcados.
Quem tem transtorno borderline vai mudando de humor de acordo com as ações da pessoa que é o seu objeto afetivo.
iG: Então é um comportamento muito ligado à necessidade de ter aceitação, acompanhado do medo de ser rejeitado?
Ana Beatriz Barbosa Silva:  Exatamente. É como se essas pessoas fossem hipersensíveis a qualquer tipo de rejeição. Então, se alguém diz que não gostou do sapato dela, ela logo entende isso como se a pessoa não tivesse gostado dela inteira. Ela não consegue levar aquilo numa boa e responder brincando: “que engraçado você dizer isso, ele é confortável, me faz bem”. Qualquer crítica, por menor que seja, provoca abalos. Mesmo quando não é crítica, mas apenas uma observação. No livro “Mentes Perigosas”, eu tratei do transtorno de personalidade psicopática, sobre pessoas completamente racionais, que não têm nenhum sentimento pelo outro. Já uma pessoa border é totalmente o contrário disso, com muita emoção e zero racionalidade. Elas têm pouca identidade pessoal e acabam vivendo em função da opinião do seu objeto afetivo. Geralmente é o namorado, mas também pode ser um amigo ou um familiar.
iG: Em que fase da vida dá para perceber traços de transtorno borderline em uma pessoa? Isso aparece já na infância?
Ana Beatriz Barbosa Silva:  É um comportamento disfuncional que vai se intensificando ao longo da vida. Mas o momento de eclosão acontece na primeira paixão do indivíduo, o que geralmente ocorre durante a adolescência para a maioria das pessoas. É o período mais dramático, em que os pais começam a notar, por exemplo, que a filha tem uma reação muito exacerbada a um término de namoro, ameaça se matar e diz que não vai mais conseguir viver se não voltar para o namorado. Esse drama é até comum no primeiro amor de um jovem. O problema é que isso começa acontecer repetidamente e vira rotina em todas as relações afetivas seguintes. A pessoa começa a viver como se tivesse constantemente apaixonada, enfrentando esses ciclos em que se sente rejeitada.
iG: De acordo com a Associação de Psiquiatria Americana, as mulheres respondem por 75% dos casos de TPB. Porque essa predominância feminina no transtorno?
Ana Beatriz Barbosa Silva:  Os estudos mostram que o cérebro masculino é mais racional e o feminino mais emocional. Isso não quer dizer que não existam homens mais emocionais ou mulheres mais racionais. O transtorno de borderline é uma exacerbação do lado emocional, fica claro entender então que ele vai predominar nas mulheres. Numa razão inversa, o transtorno psicopático, caracterizado pela racionalidade, predomina entre os homens, numa razão de 4 para 1.
iG: Os borders, tanto homens como mulheres, podem ter um comportamento agressivo a ponto causar perigo aos seus parceiros?
Ana Beatriz Barbosa Silva:  Podem sim. Existem dois modelos básicos de borders. Um é aquele mais agressivo e explosivo, que gosta de controlar, persegue e até agride o objeto afetivo. Esse tipo predomina mais entre os homens. Já aquele que predomina mais entre as mulheres é o tipo mais implosivo, que parte mais para autoagressão. Nos casos mais graves, elas se automutilam machucando o próprio corpo ou bebem e usam drogas em excesso. Elas não usam essas substâncias por prazer, mas para se punirem.
iG: Já que TPB é muito mais uma maneira de ser do que uma doença, de que modo pode se tratar alguém com esse transtorno? É possível curar alguém com essa desordem?
Ana Beatriz Barbosa Silva:  Quando se trata de um transtorno de personalidade, não se fala em cura, mas em ajuste. Porque toda personalidade tem seu lado positivo e negativo. O que você faz no tratamento é exacerbar o que ela tem de positivo, abrir portas e mostrar que ela pode ter recompensas e prazer não apenas da vida afetiva, mas também no trabalho e nas outras áreas da vida. Pessoas com traços borders costumam ser brilhantes nas artes. Se for uma atriz, por exemplo, vai ser daquelas viscerais, que se entrega totalmente a um papel. Quanto aos fatores negativos, você trabalha ao máximo para reduzi-los. Você pode até ministrar um medicamento quando essa pessoa está numa fase muito agressiva, mas esse não é o foco principal.
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“Corações Descontrolados” , de Ana Beatriz Barbosa Silva, editora Fontanar, 266 páginas. Preço sugerido: R$ 39,90
Fonte: IG

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Guia afetivo da periferia



O Guia Afetivo da Periferia, de Marcus Vinicius Faustini, no entanto, mais que mostrar um vivido Rio “periférico” revela um rio interior e portanto “central”: os sentidos do próprio autor e por essa janela aquilo que, pelo jeito só os alemães conseguiram reduzir a uma palavra: weltanschaaung (a “visão de mundo” na falta de outra palavra).

Mas é interessante como, através de sua visão extremamente pessoal, descobrimos um Rio de Janeiro (e posso dizer um Brasil) moderno, que foi sendo construído da década de 1980 para cá. Um Rio sem políticas públicas mas com sons, cheiros, ruídos, visões, sobrevivências, desfoques, encontros, tramas, conexões, enfim construcões de toda sorte à margem dos poucos programas públicos mas contendo aquilo que
Jane Jacobs considera essencial para a vida de qualquer cidade: a diversidade das pessoas com suas vontades.

Portanto, além de muito saborosa, é generosa a narrativa. Ela nos permite, ao olhar para o que fi(a)zemos, pensar sobre o que somos e quem sabe, nos ajudar a construir o que queremos. Algumas das bússolas deste século 21, vislumbradas neste Guia, já aparecem apontar alguns dos caminhos: A noção e a presença do
Território como foco prioritário das ações urgentes para o desenvolvimento sustentável – parece ser um deles.

Faustini nos entrega, como presente, uma caixa natalina contendo um kit com um jogo de lentes que aproximam/distanciam (cinema, talvez?), além de cartas para embaralhar num moderno Jogo da Memória onde o objetivo é juntar pares por oposição e não semelhança, acompanhado de uma Fita com uma Trilha Sonora de Sons e Sentidos. Mas, repare: olhando bem você vai notar que no fundo da caixa está escrito Tupperware.


SENSACIONAL. Se não leu, leia! Muito divertido.

"Faustini inaugura com Guia Afetivo da Periferia um novo gênero de literatura: a literatura memória do presente. Um conceito novo onde ele não mais representa suas lembranças de menino, mas atua no presente com uma viagem que se abre em infinitas possibilidades do percorrer, do transitar e do agir. Com a vantagem suplementar e deliciosa de ser extremamente bem escrito."

Heloisa Buarque de Hollanda

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