Existem tantos textos legais e interessantes meus e de terceiros que quero colocar aqui. Segue uma crônica muito legal da escritora Márcia Villela.
Isto é fichinha para quem já levou nome de “galinha, piranha, puta , sapatão” depois que se separou e ficou sozinha criando os filhos, recriando a vida e se reconstruindo na incansável busca de achar em outros corpos, outros seres, algo para aplacar a sua solidão ou alguém que a amasse como ela queria e merecia!
Jornada tripla de trabalho no dia a dia. Jornada eterna de uma pessoa ainda tonta pelas perdas tantas, pelos muitos erros, pelas infatigáveis tentativas de reencontrar-se contando apenas consigo com sua força e coragem. Foi ela quem lavou, passou, cozinhou, fez doces, salgados, sabão em barras e detergente; vendeu batom e perfume, deu aulas particulares, fez trabalhos escolares para alunos preguiçosos e “ricos”, escreveu em jornais, chegou até à TV, fez de tudo para sobreviver dignamente sem perder o auto-respeito e o dos filhos. Curou machucados, febres lhe roubaram noites, reuniões de colégios e dentistas que endireitavam dentes tortos das crias que pariu com dor e gozo.
A cada rótulo, a cada apelido, ela respondia com silêncio e trabalho. Nem sentia o peso, apenas carregava o seu fardo com o nariz e a bunda empinados. Segundo sua mãe, mulher de fibra e fé, a cada um cabe levar a própria cruz ao seu Calvário. E fé foi o que não lhe faltou!Houveram momentos de desânimo e dor e quando pensava em desistir... era hora de “botar o feijão no fogo outra vez”. Muitas vezes chorou e se sentiu injustiçada numa sociedade onde só o homem tinha valor. O homem podia tudo!
E ela, rebelde, inconformada, também queria...
Nem sabe dizer quantos papéis desempenhou! Sem nenhuma expectativa de receber algum prêmio, apenas movida pela necessidade e esperança. Centenas de vezes quebrou a cara e recomeçou. Era também por ela e para ela que o fazia.
E sem o perceber para milhões de outras mulheres mundo afora em igual condição. O que era, ela bem sabia, era mais uma Maria, como tantas, brava, combativa, guerreira.
Hoje já não possui o viço da juventude, sua pele ficou flácida, engordou, as mãos tem calos e manchas, os cabelos tem que ser retocados com tinta a cada quinze dias e a tecnologia cosmética, benzadeus, refaz “quase tudo” que o tempo desfez. Ela se sabe bonita, alegre, bem humorada e seus olhos brilham quando fala em amor!Desejos e sonhos não lhe faltam! Ela sabe que está apenas no meio da viagem e que agora tudo começa a se repetir, sem correria, sem pressa, com mais certezas e menos riscos de enganos. Sabe-se incompleta e ainda tem muito o que fazer. Porque descobriu que o prazer está no percurso!É dona de seu nariz e de seu tempo, podem chamá-la como quiserem , ela se garante. Paga suas contas, tem RG, CPF, declara renda anualmente. Pouco importa, ela é: coroa, perua, “aquela que deu e que dá”, mulher, mulherão, mulherzinha, com muita honra, sim senhor!
Jornada tripla de trabalho no dia a dia. Jornada eterna de uma pessoa ainda tonta pelas perdas tantas, pelos muitos erros, pelas infatigáveis tentativas de reencontrar-se contando apenas consigo com sua força e coragem. Foi ela quem lavou, passou, cozinhou, fez doces, salgados, sabão em barras e detergente; vendeu batom e perfume, deu aulas particulares, fez trabalhos escolares para alunos preguiçosos e “ricos”, escreveu em jornais, chegou até à TV, fez de tudo para sobreviver dignamente sem perder o auto-respeito e o dos filhos. Curou machucados, febres lhe roubaram noites, reuniões de colégios e dentistas que endireitavam dentes tortos das crias que pariu com dor e gozo.
A cada rótulo, a cada apelido, ela respondia com silêncio e trabalho. Nem sentia o peso, apenas carregava o seu fardo com o nariz e a bunda empinados. Segundo sua mãe, mulher de fibra e fé, a cada um cabe levar a própria cruz ao seu Calvário. E fé foi o que não lhe faltou!Houveram momentos de desânimo e dor e quando pensava em desistir... era hora de “botar o feijão no fogo outra vez”. Muitas vezes chorou e se sentiu injustiçada numa sociedade onde só o homem tinha valor. O homem podia tudo!
E ela, rebelde, inconformada, também queria...
Nem sabe dizer quantos papéis desempenhou! Sem nenhuma expectativa de receber algum prêmio, apenas movida pela necessidade e esperança. Centenas de vezes quebrou a cara e recomeçou. Era também por ela e para ela que o fazia.
E sem o perceber para milhões de outras mulheres mundo afora em igual condição. O que era, ela bem sabia, era mais uma Maria, como tantas, brava, combativa, guerreira.
Hoje já não possui o viço da juventude, sua pele ficou flácida, engordou, as mãos tem calos e manchas, os cabelos tem que ser retocados com tinta a cada quinze dias e a tecnologia cosmética, benzadeus, refaz “quase tudo” que o tempo desfez. Ela se sabe bonita, alegre, bem humorada e seus olhos brilham quando fala em amor!Desejos e sonhos não lhe faltam! Ela sabe que está apenas no meio da viagem e que agora tudo começa a se repetir, sem correria, sem pressa, com mais certezas e menos riscos de enganos. Sabe-se incompleta e ainda tem muito o que fazer. Porque descobriu que o prazer está no percurso!É dona de seu nariz e de seu tempo, podem chamá-la como quiserem , ela se garante. Paga suas contas, tem RG, CPF, declara renda anualmente. Pouco importa, ela é: coroa, perua, “aquela que deu e que dá”, mulher, mulherão, mulherzinha, com muita honra, sim senhor!
Autora: Márcia Vilella - Crônica da antologia Doida ou doída demais? Doida ou Doída Demais?
è escritora e faz parte da Rede de escritoras brasileiras
Adorei!!! E bem assim mesmo, todo mundo quer saber da sua vida, mas ninguém paga suas contas!!!
ResponderExcluirBeijos!
VIVA NÓS MULHERES!!!
Nossa, parece que essa escritora me entrevistou kkkkkk! E' da minha vida que ela ta' falando! Bjos!
ResponderExcluirEu juro que nem conhecia essa crônica, mas falei sobre assunto parecido no post para o Bicha Fêmea, do meu jeito, é claro.
ResponderExcluirEi, moça! Eu sei que sou relaxada, mas não some vão, viu?
Abraço!
Oi meninas, é verdade mesmo, concordo comvc Faby.
ResponderExcluirEsperança, pelo que eu sigo no seu blog, eu tive também essa impressão.
Laély estou sumida, mas é a falta de tempo, mas estou lendo e seguindo tudo. è verdade, vc escreveu para a Bicha Femea do seu jeito que é óooootimo.
Beijocas meninas e saudades